O último mês de 2020 reserva aos astrônomos e observadores alguns eventos celestes dos mais interessantes como o eclipse solar total que ocorrerá no dia 14. Só que o eclipse não virá sozinho — a ocultação do Sol pela Lua fará com que o dia escureça oferecendo a alguns sortudos a oportunidade de ver ao mesmo tempo o cometa Erasmus e meteoros da chuva Geminídeas.
Esses sortudos serão os habitantes de determinadas cidades do Chile e da Argentina. É que apenas nessas regiões do globo o eclipse solar será total, proporcionando as condições adequadas para uma boa visualização de objetos com luminosidade mais fraca. Se o céu estiver limpo em cidades como Temuco e Villarrica, no Chile, os observadores poderão contemplar um espetáculo e tanto. Aqui no Brasil o eclipse solar será parcial em algumas regiões.
Sobre o cometa Erasmus
Embora o eclipse dure algumas horas, o momento em que o Sol ficará totalmente coberto pela Lua vai ser de apenas 2 minutos, aproximadamente. Isso dará pouco tempo para os observadores registraram o fenômeno, mas o suficiente para os que estiverem bem preparados, então é provável que vejamos algumas boas imagens nas redes sociais após a data. Mas, infelizmente, a pandemia da COVID-19 impossibilita a locomoção de muitos observadores e astrofotógrafos acostumados a viajar para ver os eclipses.
Um desses observadores é o cartógrafo de eclipses Michael Zeiler. Ele disse que esta será sua primeira perda de um eclipse solar total em mais de uma década “e esta decepção é aumentada ao saber que o cometa Erasmus deve ser visível durante o eclipse total”. Para ele, será uma rara “oportunidade fotogênica”, já que a última vez que um cometa apareceu durante um eclipse solar total foi em 1948.
Por outro lado, pode ser que o cometa não apareça tão visível quanto os mais otimistas imaginam. É que, embora se trate de um eclipse total, a coroa solar — o envoltório luminoso do Sol — ainda será capaz de emitir um brilho ao redor da sombra lunar. Além disso, o cometa Erasmus estará apenas a 11º da coroa, perto o suficiente para ser ofuscado pela luz coronal.
Mas as chances de ver o cometa não são nulas. Afinal, ele brilhará com magnitude 4 ou 5, o que fica dentro do limite de visibilidade a olho nu, embora seja menos brilhante que a estrela Polaris, por exemplo. É possível que astrofotógrafos profissionais consigam boas imagens mas talvez o cometa fique invisível a entusiastas não tão bem equipados.
Sobre a chuva de meteoros Geminídeas
Chuva de meteoros Geminídeas registrada com longa exposição (Imagem: Makia Minich)
Outro presente do cosmos para encerrar 2020 com um bom espetáculo é a chuva de meteoros Geminídeas que atingirá o pico justamente na manhã do dia 14 de dezembro. Serão até 150 meteoros multicoloridos por hora, uma chuva espetacular que infelizmente ficará escondida de nossos olhos por causa da luz solar — exceto talvez durante o eclipse total.
Novamente, as expectativas devem ser reduzidas para ninguém ficar frustrado, pois, assim como o cometa, os meteoros também podem não ficar muito visíveis. Talvez o segredo para ver alguma “estrela cadente” seja olhar para uma região longe do radial da chuva Geminídeas, porque deve ser mais fácil perceber os meteoros através da visão periférica, e não olhando diretamente para eles.
Mais uma vez, a vantagem será dos astrofotógrafos que estiverem bem equipados. Com um tripé e uma câmera capaz de tirar fotos de longa exposição, pode ser que algumas imagens do eclipse venham com alguns riscos de meteoros “de brinde”. Ainda existe a possibilidade de deixar uma câmera filmando em time lapse durante os 2 minutos de eclipse total, o que também pode resultar em alguns riscos luminosos no céu escurecido pela sombra lunar.
Infelizmente, com muitos fotógrafos impossibilitados de viajar a áreas mais favoráveis à observação, devido à pandemia, teremos que contar com um contingente menor, se quisermos ver as imagens: os habitantes do Chile e da Argentina. Se os fotógrafos que já estão por lá conseguirem fazer bons registros, é provável que essas fotos circulem pela internet.
Fonte: Stars With a Bang
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