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sexta-feira, 31 de março de 2023

Anomalia Brasileira: Por que Naves Espaciais Falham na América do Sul?

Cada vez que a Estação Espacial Internacional sobrevoa este continente os astronautas recebem “flashes” nos olhos.

Quando em 2012 a primeira nave Dragon construída pela SpaceX chegou e atracou na ISS então no relatório desta missão entre outras coisas havia um fato curioso.

Durante a passagem da estação sobre o Atlântico e a América do Sul na “Dragon” houve alguma falha temporária no sistema de controle remoto ou seja o equipamento de bordo surgiu um defeito. Mais tarde foi reiniciado e tudo estava bem novamente.


E isso não surpreendeu a astronáutica mundial. Em telas enormes nos Centros de Controle de Missão em Korolev e Houston esta região acima da Terra é sempre destacada.

Os astronautas a bordo percebem que é lá que os “flashes” em seus olhos piscam com mais frequência. E esses “flashes” nada mais são do que partículas carregadas do espaço que passam constantemente por uma pessoa a uma altura de 400 quilômetros. Em outras palavras radiação.

No final dos anos 90, um instrumento a bordo do ônibus espacial Columbia mediu o nível de radiação no espaço a uma altitude de cerca de 300 quilômetros.

Descobriu-se que sobre o Atlântico Sul e o Brasil quase dobrou – 413 microsieverts contra 264. Há evidências de que nesta área do oceano e em uma parte considerável da América do Sul mesmo ao nível do mar o campo magnético é tão fraco como em qualquer outro lugar a uma altitude de várias centenas, ou mesmo milhares de quilômetros.

Ou seja como na ionosfera nas camadas mais altas e rarefeitas de nossa atmosfera. Portanto as operadoras de satélite há muito estão acostumadas a desligar parcialmente seus dispositivos enquanto viajam por essas partes.

E todos esses são sintomas do mesmo fenômeno incrível chamado “Anomalia Magnética do Atlântico Sul”. Às vezes é dividido em brasileiro e Cape Town mas até agora esta área é um todo único. Embora de acordo com os dados mais recentes, agora esteja se expandindo movendo-se lentamente para o noroeste e ao mesmo tempo dividindo-se gradualmente em dois.

Esta é uma falha misteriosa, um buraco na magnetosfera da Terra. Como sabem é o campo magnético do planeta que retém e não deixa chegar até nós a mortífera radiação solar e galáctica. No total, esse “ponto fraco” no escudo magnético se estende por quase oito milhões de quilômetros quadrados.

Anomalia magnética do Atlântico Sul. Foto © Wikipédia

Os cientistas acreditam que essa anomalia em particular apareceu por volta do início do século XIX. A análise de rochas antigas mostra que tal situação com o campo magnético da Terra é cíclica, ou seja essas flutuações vêm ocorrendo periodicamente há pelo menos muitos milhões de anos.

Existem até previsões com base nisso sobre quanto tempo ainda observaremos a radiação sobre o Atlântico sul: cerca de algumas centenas de anos.

As causas da anomalia são objeto de inúmeros estudos e disputas científicas. Uma das principais versões é a distribuição desigual da matéria nas entranhas da Terra.

Os geólogos determinaram que existem algumas vastas áreas de rocha um tanto mais densa na parte inferior do manto. E apenas uma dessas áreas está localizada aproximadamente sob o continente africano a uma profundidade de cerca de 2.900 quilômetros, foi chamada de Província da Grande África.

Assim os cientistas suspeitam que esse impressionante acúmulo denso no manto vá um pouco mais fundo no núcleo externo da Terra. Lembre-se de que o núcleo externo é sua camada líquida “superior” circundante.

O ferro fundido é constantemente misturado a ele, uma poderosa corrente elétrica flui, daí o campo magnético do planeta. Conseqüentemente a imersão de alguma peça mais dura interfere nesse processo.

Portanto obtemos um campo magnético visivelmente mais fraco aproximadamente nesta parte do mundo. E pelo fato de a Terra girar junto com todo o seu conteúdo observamos as consequências não só na África, mas também na América do Sul.

Vale ressaltar que em geral nos últimos séculos o campo magnético da Terra vem se enfraquecendo o que leva a considerações sobre uma possível revolução dos polos magnéticos.

Os pesquisadores estão especulando se a anomalia sul-americana pode estar de alguma forma ligada a isso se é um prenúncio de uma virada magnética.

A propósito quando isso acontecer os nomes dos pólos magnéticos finalmente coincidirão com os nomes dos geográficos: agora temos o pólo sul magnético no Ártico e o norte na Antártida. Fonte 

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