Em março, a Índia decidiu abater um satélite em órbita, lançando um míssil em direção a ele, como uma demonstração de seu projeto anti-satélites (ASAT), com o país se auto-intitulando "uma potência espacial" por conta disso. Especialistas previram que os detritos do satélite destruído permaneceriam como lixo espacial ao redor da Terra por mais ou menos um ano (ou até dois anos), e a NASA chegou a alertar que esses fragmentos representariam riscos à integridade da Estação Espacial Internacional (ISS).
Agora, mais de quatro meses depois da missão ASAT indiana, ainda há pelo menos 50 pedaços do satélite em órbita, representando uma ameaça pequena, é verdade, mas potencial, tanto à ISS, quanto a outras naves e satélites em funcionamento. O teste indiano como parte da missão Shakti gerou esse montão de detritos potencialmente perigosos caso algum pedacinho colida com outros equipamentos no espaço em velocidades altas, podendo colocar até mesmo a vida dos astronautas que vivem na ISS em risco.
Vale lembrar que a órbita da Terra já é um lugar repleto de lixo espacial, com mais de 22 mil pedaços de objetos maiores, que são constantemente rastreados tanto pela ESA (a agência espacial europeia), quanto pela NASA e pela Força Aérea dos Estados Unidos. E testes ASAT contribuem ainda mais para este congestionamento orbital, podendo gerar fragmentos pequenos demais para rastrear, além de tudo.
Em sua defesa, a Índia explicou que a maioria dos destroços gerados pela missão Shakti seriam atraídos pela gravidade terrestre rapidamente, pelo fato de o satélite destruído estar em uma órbita baixa, e portanto seriam queimados na reentrada da atmosfera. Satheesh Reddy, chefe da organização de pesquisa e desenvolvimento de defesa da Índia, chegou a dizer que os destroços desapareceriam lá por apenas 45 dias e, de acordo com a Força Aérea dos EUA, mais de 300 dos 400 objetos rastreados gerados pela missão ASAT já foram destruídos pela nossa atmosfera. Contudo, o restante das peças acabou sendo jogado para órbitas mais elevadas no ato do impacto do míssil com o satélite, colocando alguns detritos no mesmo caminho da ISS, que fica a 400 km de altitude.
Isso tem gerado algumas rusgas entre a Índia e os EUA. Jim Bridenstine, administrador da NASA, declarou que "esse tipo de atividade não é compatível com o futuro dos voos espaciais tripulados". E, agora, mais de 130 dias depois do evento, mais de 50 fragmentos do teste ASAT foram confirmados pelos EUA como ainda representando algum tipo de perigo na órbita da Terra.
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