Por evocações anteriores, sabíamos que Bernard Palissy, o célebre oleiro do século XVI, habita Júpiter.As respostas que se seguem confirmam, em todos os pontos, quanto nos foi dito sobre esse planeta, em várias ocasiões, por outros Espíritos e através de diferentes médiuns.
Livro revista Espírita 1858
Allan Kardec Perguntas
─ Para onde foste ao deixar a Terra?
─ Ainda me demorei nela.
─Em que condições estavas aqui?
─ Sob o aspecto de uma mulher amorosa e dedicada. Era uma simples missão.
─ Essa missão durou muito?
─ Trinta anos.
─ Lembras-te do nome dessa mulher?
─ Era obscuro.
─ Agrada-te a estima em que são tidas as tuas obras? Isto te compensa os sofrimentos que suportaste?
─ Que me importam as obras materiais de minhas mãos? O que me importa é o sofrimento que me elevou.
─ Com que fim traçaste, pela mão do Sr. Victorien Sardou[1]os admiráveis desenhos que nos deste sobre o planeta Júpiter, onde habitas?
─ Com o fim de vos inspirar o desejo de vos tornardes melhores.
─ Tendo em vista que vens com frequência a esta Terra que habitaste várias vezes, deves conhecer bastante o seu estado físico e moral para estabelecer uma comparação entre ela e Júpiter. Pediríamos que nos elucidasses sobre diversos pontos.
─ Ao vosso globo venho apenas como Espírito. O Espírito não tem mais sensações materiais.
Allan Kardec pergunta ESTADO FÍSICO DO GLOBO
─ Pode-se comparar a temperatura de Júpiter à de uma de nossas latitudes?
─ Não. Ela é suave e temperada; é sempre igual, enquanto a vossa varia. Lembrai-vos dos Campos Elíseos, cuja descrição já vos fizeram.
─ O quadro que os Antigos nos deram dos Campos Elíseos seria resultado do conhecimento intuitivo que eles tinham de um mundo superior, tal como Júpiter, por exemplo?
─ Do conhecimento positivo. A evocação permanecia nas mãos dos sacerdotes.
10 ─ A temperatura, como aqui, varia conforme a latitude?
─ Não.
─ Segundo os nossos cálculos, o Sol deve aparecer aos habitantes de Júpiter em tamanho muito pequeno e, consequentemente, dar muito pouca luz. Podes dizer-nos se a intensidade da luz é ali igual à da Terra ou se é menos forte?
─ Júpiter é cercado de uma espécie de luz espiritual, em relação com a essência de seus habitantes. A luz grosseira de vosso Sol não foi feita para eles.
─ Há uma atmosfera?
─ Sim.
─ A atmosfera de Júpiter é formada dos mesmos elementos que a atmosfera terrestre?
─ Não. Os homens não são os mesmos. Suas necessidades mudaram.
─ Lá existe água e mares?
─ Sim.
─ A água é formada dos mesmos elementos que a nossa?
─ Mais etérea.
─ Há vulcões?
─ Não. Nosso globo não é atormentado como o vosso. Lá a Natureza não teve suas grandes crises. É a morada dos bem-aventurados. Nele, a matéria quase não existe.
─ As plantas têm analogia com as nossas?
─ Sim, mas são mais belas.
ESTADO FÍSICO DOS HABITANTES
─ A conformação do corpo dos seus habitantes tem relação com a nossa?
─ Sim, ela é a mesma.
─ Podes dar-nos uma ideia de sua estatura, comparada com a dos habitantes da Terra?
─ Grandes e bem proporcionados. Maiores que os vossos maiores homens. O corpo do homem é como o molde de seu espírito: belo, onde ele é bom. O envoltório é digno dele: não é mais uma prisão.
─ Lá os corpos são opacos, diáfanos ou translúcidos?
─ Há uns e outros. Uns têm tal propriedade, outros têm outra, conforme a sua finalidade.
─ Compreendemos isto em relação aos corpos inertes. Mas nossa pergunta refere-se aos corpos humanos.
─ O corpo envolve o Espírito sem ocultá-lo, como um tênue véu lançado sobre uma estátua. Nos mundos inferiores o envoltório grosseiro oculta o Espírito aos seus semelhantes. Mas os bons nada mais têm a ocultar: cada um pode ler no coração dos outros. Que aconteceria se assim fosse aqui?
─ Lá existe diferença de sexo?
─ Sim, há por toda parte onde existe a matéria; é uma lei da matéria.
─ Qual é a base da alimentação dos habitantes? É animal e vegetal como aqui?
─ Puramente vegetal. O homem é o protetor dos animais.
─ Disseram-nos que parte de sua alimentação é extraída do meio ambiente, cujas emanações eles aspiram. É verdade?
─ Sim.
─ Comparada com a nossa, a duração da vida é mais longa ou mais curta?
─ Mais longa.
─ Qual é a duração média da vida?
─ Como medir o tempo?
─ Não podes tomar um dos nossos séculos como termo de comparação?
─ Creio que mais ou menos cinco séculos.
─ O desenvolvimento da infância é proporcionalmente mais rápido que o nosso?
─ O homem conserva sua superioridade: a infância não comprime a inteligência nem a velhice a extingue.
─ Os homens são sujeitos a doenças?
─ Não estão sujeitos aos vossos males.
─ A vida está dividida entre o sono e a vigília?
─ Entre a ação e o repouso.
─ Poderias dar-nos uma ideia das várias ocupações dos homens?
─ Teria que falar muito. Sua principal ocupação é o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos inferiores, a fim de que perseverem no bom caminho. Não havendo entre eles infortúnios a serem aliviados, vão procurá-los onde esses existem: são os bons Espíritos que vos amparam e vos atraem para o bom caminho.
─ Lá são cultivadas algumasartes?
─ Lá elas são inúteis. As vossas artes são brinquedos que distraem as vossas dores.
─ A densidade específica do corpo humano permite ao homem transportar-se de um a outro ponto, sem ficar, como aqui, preso ao solo?
─ Sim.
─ Existem lá o tédio e o desgosto da vida?
─ Não. O desgosto da vida origina-se no desprezo de si mesmo.
─ Sendo o corpo dos habitantes de Júpiter menos denso que os nossos, é formado de matéria compacta e condensada ou vaporosa?
─ Compacta para nós, mas não para vós. Ela é menos condensada.
─ O corpo, considerado como feito de matéria, é impenetrável?
─ Sim.
─ Os habitantes têm, como nós, uma linguagem articulada?
─ Não. Há entre eles a comunicação pelo pensamento.
─ A segunda vista é, como nos informaram, uma faculdade normal e permanece entre vós?
─ Sim. O Espírito não conhece entraves. Nada lhe é oculto.
─ Se nada é oculto ao Espírito, conhece ele o futuro? (Referimo-nos aos Espíritos encarnados em Júpiter).
─ O conhecimento do futuro depende do grau de perfeição do Espírito: isto tem menos inconvenientes para nós do que para vós; é-nos mesmo necessário, até certo ponto, para a realização das missões de que nos incumbem. Mas dizer que conhecemos o futuro sem restrições seria nivelar-nos a Deus.
─ Podeis revelar-nos tudo quanto sabeis sobre o futuro?
─ Não. Esperai até que tenhais merecido sabê-lo.
─ Comunicai-vos mais facilmente que nós com os outros Espíritos?
─ Sim; sempre. Não existe mais a matéria entre eles e nós.
─ Amorte inspira o mesmo horrore pavor que entre nós?
─ Por que seria ela apavorante? Entre nós já não existe o mal. Só o mau se apavora ante o seu último instante. Ele teme o seu juiz.
─ Em que se transformam os habitantes de Júpiter depois da morte?
─ Crescem sempre em perfeição, sem passar por mais provas.
─ Não haverá em Júpiter Espíritos que se submetam a provas a fim de cumprir uma missão?
─ Sim, mas não é uma prova. Só o amor do bem os leva ao sofrimento.
─ Podem eles falhar em sua missão?
─ Não, porque são bons. Só existe fraqueza onde há defeitos.
─ Poderias nomear alguns dos Espíritos habitantes de Júpiter que tenham desempenhado uma grande missão na Terra?
─ São Luís.
─ Não poderias nomear outros?
─ Que vos importa? Há missões desconhecidas, cujo objetivo é a felicidade de um só. Por vezes são as maiores e as mais dolorosas.
DOS ANIMAIS
─ O corpo dos animais é mais material que o dos homens?
─ Sim. O homem é o rei, o deus planetário.
─ Há animais carnívoros?
─ Os animais não se estraçalham mutuamente. Vivem todos submetidos ao homem e se amam entre si.
─ Há porém animais que escapam à ação do homem, assim como os insetos, os peixes e os pássaros?
─ Não. Todos lhe são úteis.
─ Disseram-nos que os animais são os operários e os capatazes que executam os trabalhos materiais, constroem as habitações, etc. É exato?
─ Sim. O homem não mais se rebaixa para servir ao semelhante.
─ Os animais servidores estão ligados a uma pessoa ou família, ou são tomados e trocados à vontade, como aqui?
─ Todos estão ligados a uma família particular. Vós mudais à procura do melhor.
─ Os animais servidores vivem em escravidão ou no estado de liberdade? São uma propriedade, ou podem, à vontade, mudar de patrão?
─ Estão no estado de submissão.
─ Os animais trabalhadores recebem alguma remuneração por seus trabalhos?
─ Não.
─ As faculdades dos animais são desenvolvidas por uma espécie de educação?
─ Eles as desenvolvem por si mesmos.
─ Têm os animais uma linguagem mais precisa e caracterizada que a dos animais terrenos?
─ Certamente.
ESTADO MORAL DOS HABITANTES
─ As habitações de que nos deste uma mostra nos teus desenhos estão reunidas em cidades como aqui?
─ Sim. Aqueles que se amam se reúnem. Só as paixões estabelecem a solidão em torno do homem. Se o homem ainda mau procura o seu semelhante, que é para ele um instrumento de dor, por que o homem puro e virtuoso deveria fugir de seu irmão?
─ Os Espíritos são iguais ou de várias graduações?
─ De diversos graus, mas da mesma ordem.
─ Pedimos que te reportes especialmente à escala espírita que demos no segundo número da Revista e que nos digas a que ordem pertencem os Espíritos encarnados em Júpiter.
─ Todos bons, todos superiores. Por vezes o bem desce até o mal; entretanto, o mal jamais se mistura com o bem.
─ Os habitantes formam diferentes povos como aqui na Terra?
─ Sim, mas todos unidos entre si pelos laços do amor.
─ Sendo assim, as guerras são desconhecidas?
─ O homem poderá chegar, na Terra, a um tal grau de perfeição que a guerra fosse desnecessária?
─ Ele chegará a isto, sem a menor dúvida. A guerra desaparecerá com o egoísmo dos povos e à medida que melhor seja compreendida a fraternidade.
─ Os povos são governados por chefes?
─ Sim.
─ Em que consiste a autoridade dos chefes?
─ No seu grau superior de perfeição.
─ Em que consiste a superioridade e a inferioridade dos Espíritos em Júpiter, de vez que todos são bons?
─ Eles têm maior ou menor soma de conhecimentos e de experiência; depuram-se à medida que se esclarecem.
─ Como aqui na Terra, lá existem povos mais ou menos avançados que outros?
─ Não, mas entre os povos há diversos graus.
─ Se o povo mais adiantado da Terra fosse transportado para Júpiter, que posição ocuparia?
─ A que entre vós é ocupada pelos macacos.
─ Lá os povos se regem por leis?
─ Sim.
─ Há leis penais?
─ Não há mais crimes.
─ Quem faz as leis?
─ Deus as fez.
71 ─ Há ricos e pobres? Por outras palavras: há homens que vivem na abundância e no supérfluo e outros a quem falta o necessário?
─ Não. Todos são irmãos. Se um possuísse mais do que o outro, com esse repartiria; não seria feliz quando seu irmão fosse necessitado.
─ De acordo com isso as fortunas de todos seriam iguais?
─ Eu não disse que todos são igualmente ricos. Perguntaste se haveria gente com o supérfluo enquanto a outros faltasse o necessário.
─ As duas respostas se nos afiguram contraditórias. Pedimos que estabeleças a concordância.
─ A ninguém falta o necessário; ninguém tem o supérfluo. Por outras palavras, a fortuna de cada um está em relação com a sua condição. Estais satisfeito?
─ Agora compreendemos. Mas te perguntamos, entretanto, se aquele que tem menos não é infeliz em relação àquele que tem mais?
─ Ele não pode sentir-se infeliz, se nem é invejoso nem ciumento. A inveja e o ciúme produzem mais infelizes que a miséria.
─ Em que consiste a riqueza em Júpiter?
─ Em que isto vos importa?
─ Há desigualdades sociais?
─ Sim.
─ Em que estas se fundam?
─ Nas leis da sociedade. Uns são mais adiantados que outros na perfeição. Os superiores têm sobre os outros uma espécie de autoridade, como um pai sobre os filhos.
─ As faculdades do homem são desenvolvidas pela educação?
─ Sim.
─ Pode o homem adquirir bastante perfeição na Terra para merecer passar imediatamente a Júpiter?
─ Sim. Mas na Terra o homem é submetido a imperfeições a fim de estar em relação com os seus semelhantes.
─ Quando um Espírito deixa a Terra e deve reencarnar-se em Júpiter, fica errante durante algum tempo, até encontrar o corpo a que se deve unir?
─ Fica errante durante algum tempo, até que se tenha livrado das imperfeições terrenas.
─ Há várias religiões?
─ Não. Todos professam o bem e todos adoram um só Deus.
─ Há templos e um culto?
─ Por templo há o coração do homem; por culto, o bem que ele faz.
Link da Revista espírita: http://www.febnet.org.br/ba/file/Downlivros/revistaespirita/Revista1858.pdf
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